A proposta é uma das medidas que o Congresso
discute para aliviar os patrões das despesas e burocracias criadas pela PEC das
domésticas.O senador Romero Jucá (PMDB-RR), que desempenha o papel de relator
da chamada PEC das domésticas, a alteração constitucional que equiparou os
direitos destes trabalhadores aos demais, afirmou nesta quinta-feira que vai
propor uma redução de 40% para 10% no valor da multa sobre o valor do Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) quando houver dispensa sem justa causa.
A proposta faz parte de um conjunto de medidas que
o Congresso tenta aprovar para socorrer os patrões das despesas e burocracias
adicionais criadas pela aprovação da PEC das domésticas. Nesta quinta, Jucá
prometeu votar esses atenuantes da lei até o dia 1.º de maio, mas não há
certeza se o Congresso Nacional vai conseguir apresentar uma solução à questão
ainda este mês.
Depois da primeira reunião da Comissão Mista das
Leis nesta quinta, Jucá admitiu que pode não conseguir um consenso sobre alguns
pontos da matéria. Durante o encontro, Jucá apresentou suas propostas já
tratadas com representantes do governo.
As propostas são a adoção de um regime chamado
Simples das domésticas (boleto único para as contribuições patronais - FGTS,
INSS e seguro de acidente de trabalho) e um Refis, parcelamento de dívidas dos
patrões com a Previdência.
Divergência. Embora os integrantes da comissão
concordem com a iniciativa de Jucá de diminuir a burocracia para os patrões,
com a adoção, por exemplo do Simples, o boleto único de contribuição, com a
qual o governo, inclusive, já concordou, alguns discordam da proposta do
relator de diminuir o porcentual da multa do FGTS paga por demissões sem justa
causa de 40% para 10%.
"A contribuição do FGTS é uma poupança e as
domésticas devem ter o mesmo tratamento que os demais trabalhadores nessa
matéria. A diminuição da multa é tornar o emprego doméstico mais precário que
os demais", destacou o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).
O senador Jorge Viana (PT-AC) também acha
"inaceitável" baixar o porcentual da multa. "Podemos sair do
informal para o ilegal." Segundo ele, não se pode falar em redução de
porcentuais.
Outro ponto discutido na reunião que pode atrasar a
regulamentação da PEC é a necessidade de adequar as legislações. O senador
Pedro Taques (PDT-MT), ex-procurador da República, disse estar fazendo um
levantamento nas leis. "Teremos que fazer adaptação da legislação do FGTS,
da legislação previdenciária, do auxilio creche."
Prazos. Apesar dos impasses, a intenção de Jucá é
apresentar seu relatório entre os dias 23 e 25 de abril para que ele seja
votado até 1.º de maio na Comissão Mista. Até lá, ele continua a se encontrar
com equipes do governo. Segundo informou, ainda vai se reunir com
representantes do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Ministério Público
do Trabalho (MPT).
Além disso, o Ministério do Trabalho ficou de
apresentar na próxima sexta-feira uma posição sobre o conflito de legislação
sobre questões específicas de empregado e empregador doméstico que contrastam
não apenas com a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), como também com
acordos internacionais firmados com a Organização Internacional do Trabalho
(OIT).
O mesmo vale para as equipes da Receita Federal,
que devem voltar a ele com um parecer sobre as propostas de redução dos
porcentuais e da unificação da contribuição em boleto único.